domingo, 19 de junho de 2011

Tio Mirico, Vô José e os coquinhos...
Tio Mirico, filho de meu avô paterno, irmão de meu pai, José, o Juca ou Zé, era muito serelepe. E arteiro. Artes para ele era fazer troça de meu pai, seu companheiro mais próximo em idade e companheiro de brincadeiras.
Moravam Tia Alice, Tia Camila, Tio Mirico, Tia América (mijona, por que fazia xixi nas próprias roupas) e papai (o Zé ou Juca, como vovô o chamava), mais Vovô e Vovó em uma fazenda no interior de São Luiz Gonzaga.
Naquela época só havia lampiões a querosene, fogão a lenha, piso de chão nas casas, carroças e bois, cavalos, e bichos domésticos.
Certo dia, vovô estava em casa descansando e mandou os meninos cortarem folhas de palmeira para dar de comer aos animais... Lá se foram Tio Mirico e papai.
Papai devia ter uns cinco anos de idade e Tio Mirico era bem mais velho, tanto que já entendia de tudo.
- Zé, vai pra trás um pouco que vou derrubar uns coquinhos para nós comermos...
Papai veio para trás e ele deu uma batida com a taquara que tinha na ponta uma foice um pouco pesada. Caiu uma chuva de coquinhos.
- Agora vai lá e enche esta bolsa com os coquinhos e depois vamos para casa levar a forragem para os animais...
Enquanto papai colhia coquinho por coquinho ele ficou a pensar numa brincadeira gostosa para se dar muita risada. Ora, guri costuma rir da dor, mas da dor alheia...
Papai já havia enchido quase meia bolsa com coquinhos e ele então deu uma batida com força noutro cacho de coquinhos (butiás) e foi aquela chuva de coquinhos sobre papai.
Foi coco nas costas, nas pernas, na cabeça, no pescoço, nos braços nas mãos e papai ficou todo embolotado, pois caíam como pedras. As palmeiras lá eram muito altas.
Lá se foi papai chorando contar para Vô Guta.
- O que foi menino, por que está chorando? – e papai lhe conta tudo.
Aí o Vovô Guta mandou Vovó Dadade dar uns bolinhos e acalmar o papai e depois mandou ele ir brincar... Enquanto isso, o Tio Mirico teve que colher as folhas de palmeira ou de coquinhos sozinho e trazê-las para o gado. Provavelmente o velhinho deu-lhe umas boas lambadas... Como sempre.

Vovó e a cobra. Vovô e Cuidado!
Vovó, durante anos a fio, fez corochês (crochet) para vender. Eram tão delicados estes corochês e tão bem fiados que pareciam pequeníssimas obras de arte. Eu mesmo tenho um destes corochês guardados como lembrancinha de minha Avó.
Além dos corochês, Vovó cuidava da casa, matava porcos, cuidava de tudo na fazendinha onde morava. Vovô Guta viajava constantemente. Depois de cada colheta estava ele com a carroça cheia de produtos da fazenda e ia vendê-los na cidade. E vovó se via solita durante aproximadamente um ano. Ano após ano, filho após filho. Vovô deixava-a grávida e ia para a cidade. E ela corochetando comprava tecidos, agulhas, lápis, cadernos para as crianças, e tudo o que faltava para sua pequena família.
Numa destas, certo dia, Vovó ouviu uma gritaria e cacarejos de galinhas e galos, e os cães a ladrarem com raiva em volta do paiol. No paiol ficavam as galinhas e também havia um tipo de teto cheio de palha de milho e milho onde havia muitos ratos... Por causa do milho que ali havia guardado. Todos se assustaram e Vovó foi ver o de que se tratava... Era uma enorme cobra, com uns dois metros de comprimento, gorda e forte. Certamente estava atrás dos ratos.
Então ela pegou uma taquara comprida e derrubou a dita cuja de lá de cima e começou a bater-lhe na cabeça com a taquara. Matou-a!
Deixou-a dependurada provavelmente em alguma cerca ali por perto.
Quando, dias depois Vovô voltou para casa espantou-se com o tamanho da cobra e Vovó que já estava acostumada com as dificuldades da lida da fazenda disse-lhe apenas que ela a tinha matado.
Vovô ficou assutado e provavelmente por aqueles dias, durante algum tempo, tomaram cuidados com o paiol.
Vovô Guta tinha um cãozinho que se chamava “Cuidado”. Aonde ele ia, Cuidado ia atrás, seguindo-o fielmente. Era um cão guaipeca, sem raça, vira lata, de médio porte e muito forte.
Certa vez Vovô estava carpindo o mato em volta de uma árvore que ele havia derrubado a machado e quando foi erguer ou virar o tronco segurando um dos galhos saltou uma cobra venenosa e imediatamente Cuidado atirou-se-lhe ao pescoço (da cobra) e segurou-a com força.
Cuidado morreu. Vovô nunca esqueceu de Cuidado. Ele era fiel e salvou-lhe a vida.
Bolinho, Titia!
Quando meu pai era ainda muito pequeno, os guris em domingos e feriados em que não tinham que ir para a roça trabalhar e era só descanço, ficavam embaixo de uma ramada, deitados em redes e no chão mesmo e comiam bolinhos de fubá que vovó fazia. Vovó era muito boa cozinheira e fazia-os tão capricados que eram sucesso entre os moleques.
Tinham também um primo que sempre ia à fazenda e não sabia dizer outra coisa: - bolinho Titia! Era o tempo todo: bolinho Titia.
Vovó Dadade (Felicidade) era uma mulher muito bondosa e não se negava a dar bolinhos aos sobrinhos e estes bolinhos eram deliciosos...
Meu Tio Mirico, muito arteiro, encontrou certa vez, um lagarto, e armado de bodoque acertou-lhe bem na cabeça, matando-o. Depois de lhe retirar a pele e deixar secar durante um tempo, encheu a pele do bico com palha do paiol e costurou-lhe esta pele com linha preta da Vovó.
Também achou uma cobra, provavelmente não muito grande, e fez a mesma coisa.
Gostava de fazer brincadeiras o Tio Mirico. Eram todos piás e não tinham com que se divertir.
Porém, o Tio Mirico não aturava mais o primo “bolinho Titia”, e era assim que o chamavam, pois não sabia dizer outra coisa.
Estavam em uma tarde ensolarada, logo depois do almoço, embaixo da ramada a conversarem, os piás da turma, todos irmãos (Vovô e Vovó tiveram 15 filhos em 15 anos, aproximadamente, dos quais sobreviveram 13). Tio Mirico havia deixado o lagarto atrás de um arbusto, próximo à ramada, e com a linha preta segurava de longe o próprio bicho morto. De repente chega o menino e pede para Vovó: - bolinho Titia!
Tio Mirico ficou atiçado e começou uma conversa mais ou menos assim:
Pois olha se lembram daquela cobra que eu matei? Pois é, as vezes elas vem de novo incomodar – e foi puxando devagarinho para perto do piá o lagarto empalhado.
Quando chegou bem perto do menino, deu um grito: cobra!
O guri se assustou e saiu correndo e por longo tempo não veio mais pedir: - bolinho Titia!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Uma Ficção

 

[Ano]

 


 


 

Moacir


 


 

[2010]


 


 


 


 


 

Vida no Futuro

Conteúdo

Capítulo I    4

Capítulo II    8

Em São Paulo.    8

Capítulo III    10

A prisão    10

Capítulo IV    10

A cela.    10

Capítulo V    11

Notícias.    11

Capítulo VI    12

A fuga.    12

Capítulo VII    12

Conclusão    12


 


 


 


 


 


 


 


 

Capítulo I

  1. Uma moça jovem, morena cor de cuia, bonita e com olhos verdes, cabelos lisos e interessada apenas em arrumar a casa de seu patrão, um pacato cidadão que passava as horas em frente ao computador a escrever bobagens científicas sem nenhum valor.
  2. O homem, um brasileiro gordo, que estava se esforçando para emagrecer e parar com o tabaco, era um homem solito, não tinha ninguém na vida, senão seus dois filhos, sua irmã e seus pais, mas nenhum deles morava ali, ele morava só, os pais já velhos e adiantados em idade. Estavam os dois a conversar e tomar chimarrão, enquanto ele lia entre as pausas um livro: uma Bíblia muito antiga e com as páginas amareladas e rasgadas, uma relíquia, enorme e cheia de gravuras.
  3. Como disse, estavam ali a conversar enquanto ele lia, na casa do homem.
  4. Repentinamente veio um vento forte e começou a chover lá fora.
  5. Lá fora os pingos da chuva ressoavam na calçada e no telhado da pequena casa com força e ela preocupada disse:
  6. – Já vou tocando o meu barco senão vou me molhar!
  7. – Não, fique mais um pouco, eu quero conversar mais um pouco.
  8. – Está bem. Eu fico, mas daqui a pouco já vou, pois tenho que lavar roupas em casa e fazer a limpeza...
  9. Nisto as páginas da Bíblia começaram a girar rápido, como se estivessem sendo folheadas por uma batedeira elétrica.
  10. O homem assustou-se e quando foi dizer a ela o que seria isso, olhou e já não mais a enxergou.
  11. A Bíblia era folheada para frente e para trás. E sem nem perceber estava ele lá dentro dela, junto com a mulher, as páginas a serem folheadas cada vez de modo mais rápido.
  12. Nisto era como se alguém jogasse toda a água da chuva sobre eles, e estavam molhados como cachorrinhos.
  13. Não parava, pois as páginas vibravam, a chuva aumentava, e aquele zumbido como que de uma batedeira elétrica.
  14. Iam para frente e para trás, perdiam-se um do outro e encontravam-se novamente mais adiante, nas páginas seguintes.
  15. Isso durou uns cinco minutos. Repentinamente ambos saltaram como que para um grande armazém, com telhado industrial, vazio e foram ambos jogados contra um homem jovem, vestindo um jaleco parecido com o dos médicos, ele segurava em uma mão uma coisa que parecia ao mesmo tempo uma batedeira de ovos, mas que na ponta jogava água como uma mangueira e que girava muitíssimo rápido. Esta "coisa" estava ligada a uns fios muito longos e sobre um meio pilar estava um livro cujas páginas giravam quando ele fazia funcionar a máquina. Devia ser um livro de plástico, pois as folhas eram revolvidas e não se desmanchavam, e este livro tinha páginas por baixo e por cima, como em um cilindro.
  16. Ele era alto, cabelos pelos ombros, louros, cara quadrada, um sorriso enorme (uma bocarra), parecia um professor de Universidade, usava aparelho odontológico e logo atrás dele estava uns equipamentos que se presumia ao ver serem industriais.
  17. Com o choque ele caiu desmaiado, perdeu um anel de ouro muito brilhante, com pedra vermelha, maior que os anéis comuns, com uma abertura embaixo da pedra, e era cheio de botões. O homem, estupefato, e meio zonzo com tudo aquilo olhou para ela e disse:
  18. – Olha este anel – pegando – o que será?
  19. A máquina, a "batedeira", que mais parecia uma metralhadora, ligada a enormes fios e cabos elétricos, havia caído ao seu lado, a uns dois passos do homem e continuava a girar. Nisto ele se acorda do choque e quando vê nosso personagem a observar o anel diz:
  20. – Não mexa nisso...
  21. Porém, já era tarde. A moça e o homem gordo estavam curiosos com o anel e nisso ele aperta um de seus botões laterais...
  22. Imediatamente as máquinas fizeram um barulho eletrônico (FIUUUUUMMMMM)... E o professor desapareceu em um "buraco negro" e sumiu no espaço.
  23. Logo estava ele de volta, com o mesmo barulho característico (FIUUUUUMMMMM) e disse:
  24. – Que bom que eu tenho um como reserva.
  25. Porém enquanto eles olhavam apavorados para este "professor" ou "cientista maluco" ele pegava a "batedeira metralhadora de água" e começava a falar-lhes:
  26. – Eu estudei demais. Enlouqueci!
  27. – Bem se vê – disse a moça...
  28. – Eu precisava de duas pessoas para viajar por mim ao futuro...
  29. – E escolheu justamente a nós dois? – indagou o homem gordo que agora acendia um cigarro de seu bolso.
  30. – Devolva-me o anel – disse o "professor maluco", ainda segurando a "coisa que jogava água naquele estranho livro.
  31. O homem gordo foi entregar o anel e sem querer apertou um de seus botões e novamente o "cientista maluco" desapareceu em um FIUUUUUMMMMM, num buraco negro, mas como estivesse segurando a coisa – a batedeira metralhadora de pingos de água, esta foi puxada violentamente, junto com ele, e como estivesse ligada a enormes e grossos fios encapados com borracha, puxou uma daquelas máquinas que estavam atrás do homem e esta se desligou da parede e, provavelmente, da tomada de força, apagando-se sendo que então o homem não voltou mais.
  32. – O que será que acontece se eu apertar este botão verde? – disse a moça, brincando...
  33. – Não brinque, acho melhor a gente não mexer em nada enquanto ele não voltar.
  34. – Onde nós estamos? – perguntou a moça!
  35. – Será que é longe de minha casa? – perguntou o homem gordo.
  36. – Vamos dar uma olhadela – sugeriu ela.
  37. Foram. Havia uns portões enormes, de metal no galpão industrial, e eles se aproximaram das frestas entre os dois portões e espiaram. Lá fora o sol brilhava calmo e pacífico, e nada deixava transparecer que eles estivessem em uma grande enrascada. Era um bairro industrial de alguma cidade grande... Havia uma rua e ao lado uma fábrica, um edifício antigo, com tijolos à vista pintados de branco, e umas chaminés de onde saía preta fumaça, indicando atividade humana.
  38. E agora, disse brincando o homem gordo, o que "nóis faiz"?
  39. Enquanto deliberavam nervosamente sobre o que fazer, pois nem podiam abrir o portão para sair e nem tinham condições de ficar ali molhados como estavam, não perceberam que continuava ligado um dos monitores da máquina que se desprendera da parede. Neste monitor um homem igualzinho ao "cientista maluco" esbravejava e gesticulava desesperadamente para eles, mas eles não percebiam, pois o fazia em silêncio.
  40. – E agora, como é que eu vou embora? Vamos gritar talvez passe alguém na rua e aí a gente pede ajuda – disse a moça...
  41. Ela olhava por entre as frestas do portão, mas infelizmente ninguém passava na rua.
  42. O homem gordo, desesperado, sentou-se no chão e ficou ali inerte a pensar. Falou:
  43. – E se a gente ligasse a máquina de novo?
  44. – E cair nas mãos daquele maluco? – respondeu ela um tanto desesperada.
  45. Infelizmente o salão ou galpão industrial estava completamente vazio, a não ser as máquinas do cientista maluco. Estas estavam em um canto e não se divisava com a pouca luz que ali entrava: saídas, era fechado e havia só aquele portão.
  46. Vendo uma pequena porta, ele decidiu ver onde dava. Entrou, era um banheiro, simples mas muito limpo, porém sem nenhuma saída. Voltaram à máquina.
  47. O livro estava parado e ela ainda espiando para ver se passava alguém na rua. O dia já começava a declinar, e as nuvens no céu prenunciavam tempo de chuva. Chovia em todo o país, segundo a previsão meteorológica.
  48. Pegando o anel, que o homem gordo havia deixado em cima da máquina, ela resolveu experimentar e começou a apertar botões, uns atrás dos outros. Nada aconteceu.
  49. – Acho que devemos religar a máquina – disse o homem gordo.
  50. – É, e se aquele maluco volta aqui e nos manda para o quinto dos infernos?
  51. – Ele disse que precisava de duas pessoas que viajassem ao futuro por ele. Por que será?
  52. Nisto ouve-se uma voz vinda da máquina.
  53. – Olhem aqui, prestem atenção, façam tudo o que eu disser que logo, logo eu estarei aí de novo!
  54. – Deus me livre – disse a rapariga.
  55. – Tenham calma, e não mexam em nada sem minhas ordens – disse o cientista maluco.
  56. – Não vamos mexer nem sem suas ordens e nem com suas ordens! – retrucou o homem gordo. Queremos voltar para de onde viemos. Trate de desfazer o que fez senão eu lhe meto um processo.
  57. – Isso é uma barbaridade, tchê! – retrucou a moça.
  58. Enquanto isso o cientista maluco falava sem parar, dizia que eles dois haviam sido escolhidos para viajar ao futuro no lugar dele e que ele precisava reescrever o livro.
  59. – Que livro? – perguntaram os dois em uníssono.
  60. – A Bíblia.
  61. – A Bíblia? – disseram os dois mais espantados ainda.
  62. – Por quê? – disse o homem gordo. A Bíblia não pode ser modificada!
  63. – Esse cara está maluco, doidão! – retrucou a moça.
  64. – Reescrever não é exatamente o termo. Completar. A Bíblia foi escrita há dois mil anos atrás e vem sendo escrita e reescrita com o passar dos séculos. Porém as profecias já se realizaram todas. Precisamos de mais profecias! Precisamos predizer o futuro. E eu encontrei um meio, só preciso que me contem o que foi que aconteceu no futuro, daqui a dois mil anos no futuro...
  65. – Está louco! Jesus ainda não voltou e por isso nem todas as profecias foram cumpridas... Por que um idiota resolve predizer o futuro e a gente aqui molhado que nem um cachorrinho, com frio, cansado e ainda tendo que suportar estas asneiras. Pra que você quer predizer o futuro? Que tem lá que seja tão importante assim?
  66. – Estou preocupado com o futuro! – responde o "professor maluco". E num sorriso largo e inocente ele completa:
  67. – Acontece que no ritmo e rumo em que estão indo as coisas a humanidade corre sérios riscos. Só consegui viajar uns vinte anos para o futuro e não vi coisas muito boas lá... Se pudéssemos viajar uns dois mil anos, e agora sei como se faz, vocês podem ir e voltar em segurança – diz abrindo o sorriso de bocarra.
  68. – Mas por que você mesmo não vai? – pergunta a moça...
  69. – Boa pergunta – acrescenta o homem gordo...
  70. E dando uma gargalhada enorme como sua enorme boca, o cientista maluco diz:
  71. – Por que eu tenho que controlar tudo daqui, a máquina, o tempo, o lugar etc... É um "trabalho em equipe."
  72. – Pagando bem, que mal tem? – diz a moça se rindo.
  73. – Eu estou fora – diz o homem gordo.
  74. – E se conseguirmos sucesso cem por cento, eu publico o que será o futuro e então poderemos prevenir os desastres que estão por vir.
  75. – Se conseguirmos? – fala o homem gordo.
  76. – Então não é cem por cento? – diz a moça.
  77. – É que se vocês viajarem para o futuro estarão sujeitos a tudo o que acontecer lá.
  78. – Uma guerra nuclear, por exemplo? Um regime autoritário e despótico? Um cataclisma qualquer? – pergunta o homem gordo.
  79. – Prefiro ficar bem onde estou! – diz a moça.
  80. Nisto lá fora começa a chover forte e já era quase noite. A chuva era tão forte que a rua em frente ao galpão começou a encher-se de água, cada vez mais.
  81. – Aquilo lá fora está ficando um rio. Acho melhor a gente dar um jeito de sair daqui.
  82. Nisto o "cientista maluco" aparece novamente em um FIUUUUUMMMMM e se coloca ao lado de ambos. Começa imediatamente a religar todo o equipamento.
  83. – Por favor, deixe-nos sair daqui e voltarmos para nossas casas!
  84. – Vocês dois não têm escolha! – diz o cientista maluco apertando um botão de seu anel, sorrindo e saboreando um doce muito gostoso.
  85. Nisso os dois são jogados para dentro do livro e este começa a girar, a "batedeira, metralhadora de pingos de água" começa a jogar água sobre eles novamente e eles se perdem no meio das páginas, num futuro incerto.

Capítulo II

Em São Paulo.

  1. O homem gordo saboreava uma coxa de galinha, enquanto a moça, já acostumada à nova situação, comia um pastel. Estavam numa praça muito linda, sentados em um banco de concreto, a observar o que se passava em volta. Conversavam baixinho, para não dar na vista. A cidade, souberam, era São Paulo.
  2. As coisas tinham mudado muito. São Paulo era uma cidade limpa, o rio Tietê fora recuperado, havia muitos parques e árvores, e os veículos eram silenciosos e muitíssimo parecidos com os veículos de nosso tempo. Eram elétricos.
  3. Porém eles tomavam cuidado, porque souberam que havia uma "polícia secreta" que a tudo e a todos governava.
  4. Pelo que souberam o governo era mundial. E não era brasileiro. Souberam isso lendo um jornal que estava jogado no lixo...
  5. O homem gordo, vestindo uma roupa simples, camisa xadrez, calças de brim, sapatos e usando um chapéu de palha, andava pelas ruas há uns dois dias com a moça a procura de lugar para ficar. Porém, como tivessem medo desta polícia secreta, não indagavam das pessoas como poderiam se instalar em alguma pousada. Quando foi remetido para o futuro o homem gordo já era aposentado a muitíssimos anos e não teria condições de trabalhar novamente. Por isso, conseguiram o lanche em um pequeno restaurante e com umas notas de dólares que haviam aparecido em seu bolso misteriosamente. Em seu bolso, também, havia um bilhete com um endereço, dizendo: Vão para este endereço.
  6. As pessoas andavam caladas nas ruas e poucas se importavam em ajudá-los. Havia muitíssimo poucas pessoas nas ruas... Perguntaram a alguns passantes onde ficava o tal endereço e não encontraram quem respondesse inicialmente. Até que um homem bem vestido, trajando um paletó e gravata, com uma pasta na mão, atendeu-os e indicou-lhes um táxi.
  7. Com poucos dólares no bolso, entraram e então perguntaram ao taxista onde ficava tal endereço.
  8. O homem do táxi disse que não era muito perto, mas ficava a aproximadamente meia hora de viagem.
  9. Ele perguntou quanto custava, mais ou menos, a viagem, para ter uma idéia de quanto poderia gastar e se o dinheiro seria suficiente.
  10. Foram.
  11. Lá chegando, quem encontram?
  12. Um homem da mesma estatura do homem gordo, muitíssimo parecido com ele, de uns quarenta anos, magro, bem vestido e que ao ver o homem gordo se apavora e abraçando-o efusivamente brada:
  13. – Papai! Papai?
  14. E começa a chorar e rir, sem saber o que dizer...
  15. – Papai? – pergunta o homem gordo.
  16. – Como você aparece assim tão de repente, por que foi embora? Por que sumiu? Mas como você não envelheceu? Continua o mesmo, até o cabelo está mais escuro que o meu?
  17. – Quem é você? – pergunta o homem gordo.
  18. – Sou seu filho, não se lembra de mim? Seu filho mais novo! – e o rapaz começa a passar mal, pensando que está vivendo um sonho! – Você nos traiu a todos fugindo com essa sirigaita. Por onde andou todo este tempo? E como me encontrou aqui?
  19. – Sirigaita, sirigaita, olhe lá! – respondeu a moça! Olha o respeito! Cuidado que lhe largo uma bolacha na cara!
  20. – Calma querida! Devemos estar no futuro, um futuro não muito distante, ao contrário do que nos prometera aquele maluco. Alguma coisa deve ter dado errado. E como ele sabia o endereço de meu filho?
  21. – Ele deve ter planos... – respondeu a moça.
  22. – OU! – disse o homem gordo com reticências ao final da exclamação...
  23. – Ou o quê?
  24. – Ou há mais alguém nesta história.
  25. – Mais alguém? – perguntou a moça.
  26. – Alguém que também tenha vindo ao futuro ao mesmo tempo em que nós viemos. Alguém que saiba disso tudo que estamos passando.
  27. – Que idade você tem meu filho?
  28. – Tenho quarenta anos de idade, meu pai! – e enquanto acrescentava coisas e dados a seu próprio respeito, pedia que o homem gordo e a moça entrassem em sua casa, aliás, uma casa muito bela, em um jardim muito belo, em um bairro aconchegante.
  29. – É perigoso ficar aqui fora. A polícia secreta não admite conversas a estas horas da noite em lugares públicos.
  30. – Que lugar é este, querido?
  31. – Como que lugar é este? O que quer dizer com isto?
  32. – Em que cidade e que estado estamos?
  33. – Ora, estamos em São Paulo, a capital.
  34. – Engraçado, todos diziam que São Paulo era uma cidade poluída e ruim de viver, mas como vejo, está tudo mudado e você está muito bem de vida. Este deve ser um bairro rico! E você deve estar rico! Que bom que seguiu meus conselhos!
  35. Passaram horas conversando e o homem gordo evitou falar sobre o que estava acontecendo com ambos, ele e a moça.
  36. – Quando você sumiu, pensamos que tivesse fugido, procuramos por toda a parte. Depois vieram os parentes da moça, sua empregada, a querer saber se não a tínhamos visto. Chegamos à conclusão de que vocês haviam fugido juntos para viverem o seu caso de amor...
  37. – Não foi nada disso, rapaz. Estou só há dois dias com ela!
  38. – Dois dias! E já se passaram 24 anos desde que me perdi de vocês... – acrescentou o filho do homem gordo.
  39. – Vou lhe contar toda a verdade! – disse o homem gordo.
  40. E explicou ao filho tudo o que ocorrera nos dois últimos dias.
  41. – Vinte e quatro anos! – e você aparece, sem ter envelhecido, como se fosse ontem, no dia de meu aniversário, que foi quando você sumiu. Deve ser verdade! Eu acredito. Tem acontecido tanta coisa impensável que eu acredito!
  42. E conversando vieram lembranças de dois dias antes, para nossos heróis, e vinte e quatro anos atrás, para nosso quarto personagem.

Capítulo III

A prisão

  1. Dormiram uma boa noite, em quartos separados, ainda que o homem gordo quisesse muitíssimo dormir com a empregada, ela não o quis. Ele estava tão inseguro, querendo voltar à sua época e lugar, como seria o certo – pensava ele – e não queria ficar longe dela, mas por mais que insistisse ela não quis dormir no mesmo quarto.
  2. De manhã, após a refeição, o filho disse que deveria ir trabalhar, cedinho, lá pelas 8 horas da manhã. Que eles dois teriam que ficar com sua esposa e filha, que elas lhes dariam tudo o de que precisassem e que não inventassem de sair à rua.
  3. Porém, lá pelas 9 horas da manhã, alguém bateu à porta.
  4. – Sou o Inspetor de Polícia. Soubemos que vocês receberam visitas ontem à noite.
  5. – Sabemos que é proibido receber visitas não autorizadas aqui no Campus. Mas não recebemos ninguém. – disse a esposa do rapaz.
  6. Porém, o homem gordo, que não sabia quem era, foi ver quem era e então ficou patente que eles tinham recebido visitas...
  7. – Aí está, aí está quem procuramos. Quem é o Sr.? – perguntou o Inspetor.
  8. – Sou pai do rapaz que mora aqui.
  9. – Como não está autorizada esta visita o Senhor está preso! Pai! Um homem com uns cinqüenta anos de idade pai de outro com 40! Ah! Ah! – e saíram rindo, levando o homem gordo consigo no carro da polícia, pois estavam todos à paisana. O Senhor começou a F... cedo, disse o policial... E riam a valer... O seu "filho" está enroscado, ele vai ter que dar muitas explicações...

Capítulo IV

A cela.

  1. O homem gordo apresentou os documentos na prisão. Não acreditaram. Ele deveria ter aparência de um velho com 71 anos de idade. Mas aparentava 47. Verificaram as impressões digitais, método antigo, mas a que ainda podiam recorrer. Confirmaram.
  2. – O governo central disse que o Senhor será transferido para a Polícia da Inteligência Americana, no prédio central, por se tratar de um caso especial, disse o Diretor da prisão ao homem gordo.
  3. – Os americanos vão ficar muito interessados neste caso – acrescentou um homem com cabelos grisalhos, que mais parecia um galo que um homem.
  4. Foi exatamente 1 hora de viagem, entre ruas lindíssimas, prédios muito bonitos, tudo limpo, moderno e asseado. Porém, de repente, nos últimos 35 minutos, passaram por um bosque e ao sair dele via-se ao longe um monte de casebres muito pobres. Era uma favela, poluída e pobre como as que existiam no tempo em que o homem gordo ainda não havia viajado para o futuro. Trinta minutos viajando por entre favelas horríveis, com gente muito pobre e miserável... "As coisas não mudaram muito" – pensou o homem gordo – " e provavelmente estão piores do que eram antes...
  5. No centro, na Polícia da Inteligência Americana, estava um distintivo sobre a porta central: US POLICE.
  6. O homem gordo foi levado a uma cela, direto, sem consultas nem apresentações. Ficava no décimo segundo andar. Era uma cela limpa, com apenas uma cama, onde ele pode se deitar e descansar. Era uma cela pequena. Dava uma opressão no peito e o homem gordo começou a se sentir mal.
  7. Chamou o guarda. Ele nem respondeu.
  8. Fechado, com uma mínima visão da luz exterior, que vinha da rua, teve que suportar mais dois dias até que fosse atendido por um agente da polícia.
  9. – Este seu caso cheira a cocaína – disse o agente.
  10. – Vocês estão enganados e se soubessem a verdade não permitiriam que eu ficasse preso. Está acontecendo uma injustiça! – exclamou o homem gordo.
  11. Foi interrogado, perguntaram-lhe se era viciado em drogas ou algum vício.
  12. – Só o cigarro, e estou deixando de fumar.
  13. – Seus documentos não correspondem à realidade. É um documento antigo, provavelmente falsificado.
  14. – Não é falsificado, é a pura verdade!
  15. – Então o Senhor viajou do passado até nós...
  16. – Sim.
  17. – Como?
  18. – Nem eu sei como! – e o homem gordo contou sua história.
  19. – O Senhor vai ficar em quarentena, até que possamos desvendar o caso. E não se ache, meu caro, por que o Senhor está aqui apenas por que é parente ou diz ser parente do rapaz que trabalha no Campus da Universidade.

Capítulo V

Notícias.

  1. Nisso, o homem gordo foi levado a um refeitório, e enquanto jantava ligaram um aparelho de TV, muitíssimo parecido com os nossos aparelhos de TV. Estava no ar um noticiário da Rede Mundial de Televisão. Ficou sabendo que havia muitíssimos problemas no mundo. A população mundial chegava a 800 bilhões de almas. A maior parte pobre e sem o que comer. Era o reino da morte. E do sofrimento. As duas grandes e únicas potências que haviam sobrevivido lutavam por água desesperadamente. Máquinas lutavam em lugar de homens, mas ainda havia muitas mortes causadas pela guerra e esta já se travava há cinco anos. A qualquer deslizamento de terra, ou qualquer terremoto que houvesse, milhões morriam instantaneamente. E a indiferença havia se tornado uma coisa comum. Tudo isso em apenas vinte e quatro anos que ele havia avançado no tempo.
  2. A maior parte da humanidade era pobre e vivia na miséria. As pessoas nasciam e morriam aos milhões, e num estalar de dedos podiam-se contar milhões de mortes e de nascimentos. A humanidade perdera o controle sobre si mesma.

Capítulo VI

A fuga.

  1. O policial que guardava o cárcere levou o homem gordo para a cela e lhe disse que na manhã seguinte ele teria uma entrevista com o homem que dizia ser seu filho.
  2. Porém, esqueceu a chave na porta da cela. Devia estar tão cansado que não teve tempo nem para pensar no que estava fazendo e foi dormir. Esqueceu todo o molho de chaves na porta. O homem gordo escapou para o pátio. Escondeu-se na garagem. E quando menos esperavam, tomou do volante de um caminhão e dirigiu-se para fora da prisão, para fora do prédio onde ficava a US Police.
  3. Na primeira oportunidade, como ainda estivesse em seu bolso o endereço de seu filho, pegou um táxi e se dirigiu para a casa do mesmo. Lá chegando reencontrou o filho, pois era no Campus da Universidade, e era bem de manhã cedinho quando chegou.
  4. Ao vê-lo, o rapaz ficou apavorado:
  5. – Como é que nós saímos desta situação? Estou sendo alvo de um inquérito administrativo, pois trabalho na Universidade, e não sabem como deixei o Senhor entrar aqui no Campus. As visitas são proibidas. Tanto de parentes como de qualquer outra pessoa!
  6. Nisso o carro da polícia aparece ao longe na rua e eles entram rapidamente.
  7. – Precisamos voltar para o sul, para pelo menos reencontrar o lugar de onde viemos.
  8. – Eu lhe dou o dinheiro – disse o filho do homem gordo. São mil dólares que economizei para minhas férias. O Senhor precisa ir logo. Depois eu vou atrás, para reencontrá-lo.
  9. – Enquanto ele – o homem gordo – saía a fim de pegar um táxi, a moça, que havia ficado escondida as três ou quatro noites na casa do filho dele, saiu correndo ao seu encontro bem quando os policiais atiravam de cima de um carro de polícia. Os tiros pegaram-na em cheio, bem no peito. Ela morreu.
  10. – Deus do céu! – exclamava o homem gordo. Deus do céu! Que fizemos?

Capítulo VII

Conclusão

  1. – FIUUUUUMMMMMM. Outro sinal eletrônico soa e os dois desaparecem do futuro, voltando para um lugar diferente de todos em que haviam estado. Ele com ela nos braços, ainda sangrando as balas que a atingiram.
  2. – Onde estamos? E agora? O que querem de nós?
  3. – Nós somos viajantes do futuro e previmos que isso iria acontecer consigo.
  4. – Mais viajantes do futuro? – exclamava o homem gordo, ainda com a moça nos braços, chorando!
  5. – Não se preocupe, nós vamos devolver vocês dois sãos e salvos para o seu tempo. Por enquanto saiba que a morte não existe mais, pois somos de um futuro mais adiante que este. Não, em nosso tempo não existe morte - e ressuscitaram a moça diante dos olhos dele!
  6. Curioso e como é natural a curiosidade do ser humano o homem gordo perguntou aos três homens que vieram de um futuro distante:
  7. – E como são as coisas neste futuro maravilhoso?
  8. – Vamos lhes contar – disse um deles.
  9. – Mas antes voltemos ao seu tempo, lá lhe contaremos tudo... – disse o segundo homem.
  10. – Tenha calma que demora só uns cinco minutos – disse o terceiro.
  11. Voltaram para o seu devido tempo. O cientista maluco teve notícias dos dois, mas estava em um hospital psiquiátrico por demorado tempo devido a ter trabalhado em seu projeto sem descanso, o que esgotara suas forças.
  12. Resta-me dizer que o homem gordo voltou ao seu tempo...
  13. Viveram felizes por vinte e quatro anos, e o homem gordo ainda viveu mais quinze anos com a moça bonita, com quem se casou e teve dois filhos, um menino e uma menina.

Capítulo VIII

Vida no futuro!

  1. Um deles começou a falar, enquanto almoçavam na casa do homem gordo.
  2. "No futuro a morte já não existirá. Haverá paz em todo o mundo. Como diz na Bíblia, nenhuma nação não erguerá mais a mão contra outra nação... Os homens comuns e os homens mais cultos e inteligentes do mundo tomaram o poder. Eram cidadãos comuns e cientistas, mas não quaisquer cientistas... Eram cientistas Cristãos!
  3. Eles bolarão um plano para organizar um governo que realmente funcionará. Colocarão nos postos importantes pessoas chave, honradas e honestas, que não roubam e não têm maiores interesses nos seus governos e por isso trabalharão de graça. Seus turnos de trabalho serão de três horas por dia; o restante do dia eles viverão para trabalhar para si mesmos. Eles poderão ter empregos normais e tudo o mais, que não interferirá no governo qualquer atividade que eles tiverem. No governo não ganharão nada. Será trabalho gratuito.
  4. Estes cientistas serão os que primeiro conseguirem identificar o gene da morte em seres humanos e animais e plantas. Porém, por necessidade, modificarão apenas a espécie humana.
  5. Os desertos do mundo inteiro serão cultivados com irrigação. A água virá dos oceanos, e será dessalinizada e alimentará os bilhões de seres humanos que então existirão.
  6. Num futuro não muito distante o homem conseguirá atingir o Planeta Marte e fará colônias lá. E também em outros planetas habitáveis. Serão colônias movidas a energia da fusão nuclear controlada, nestes planetas, e tudo será como eu disse.
  7. Já a qualidade de vida das pessoas será muitíssimo boa; a educação e a formação de jovens e adultos serão gratuitas e públicas em todos os países do mundo. Máquinas ajudarão os homens em suas atividades mais difíceis e já não existirão trabalhos insalubres. Os homens e mulheres terão as mãos livres para atividades como a arte e os esportes e não faltarão alimentos para ninguém no mundo inteiro. Barreiras comerciais e alfandegárias já não existirão. O livre comércio será uma realidade. E as indústrias serão planejadas não visando o lucro, mas as necessidades de cada nação. Os conhecimentos estarão disponíveis a todos e já não existirão mais segredos tecnológicos. Os homens e mulheres não poderão ficar muito ricos e não existirá mais a miséria...
  8. Os governos serão governos de colaboração e quem não quiser colaborar não comerá o pão da comunhão!

E este futuro maravilhoso será uma prévia apenas do que será quando Nosso Senhor Jesus Christo voltar. Aí, então, haverá verdadeira Justiça e todos serão felizes!"

Paz

O que é Paz?

  1. Ijuí, RS, sábado, 16 de janeiro de 2010, 03h32min.
  2. O que é paz?
  3. Desta pequena pergunta me surgem muitíssimos pensamentos.
  4. O primeiro pensamento que me é sugerido pela minha mente é que significado tem esta pequena palavra para mim mesmo?
  5. Não tenho geralmente paz de espírito. Vivo em um turbilhão de sentimentos que me surgem na mente motivados pelas privações de que sou sujeito e objeto.
  6. Sim, sou sujeito de privações muitíssimas... Sou objeto destas privações... Sou objeto de outras ações, de outras vontades que não a minha. Sou objeto. Sou sujeito. Não sou o agente sobre minha realidade, não posso agir sobre ela, sou impotente diante dela.
  7. Tenho necessidades sexuais normais as quais não posso satisfazer naturalmente, por que não sou casado ou não tenho companheira.
  8. Sou privado de certas necessidades não biológicas, de natureza social, por que tenho poucos amigos e amigas e meus parentes ou familiares – minha família se resume a meu Pai e Mãe e dois filhos a quem amo com todo o meu transitório ser – talvez não me dêem a atenção que eu deseje, ou pelo menos do modo como eu desejaria tê-la.
  9. Sou privado financeiramente de certas possibilidades por ganhar uma aposentadoria muito pequena, que não me permite satisfazer a todas as minhas necessidades. Isso, pelo menos no que se refere ao nível ou padrão de vida que levo.
  10. O que é paz para mim?
  11. Em primeiro lugar, paz para mim será o dia em que for feita a justiça que espero em meu Senhor Deus, meu Senhor Espírito Santo, meu Senhor Jesus.
  12. Justiça que me trará de volta tudo o que é meu por direito.
  13. Se houver justiça terei paz. Estarei em paz com o mundo a minha volta, em primeiro lugar.
  14. Se eu voltar a ter condições financeiras de me sustentar, terei paz, os problemas que me afligem sumirão, dando-me uma paz inestimável, pois as necessidades que tenho serão então satisfeitas...
  15. Isto é paz em parte apenas.
  16. E se eu tivesse tudo o que desejo da vida? Ainda que não tivesse reconhecimento pelo meu trabalho, ou que não ficasse famoso por compor músicas, ainda que nada disso acontecesse em minha vida no futuro longínquo ou próximo, ainda assim, se eu tivesse tudo o que desejo da vida, eu seria então feliz, poderíamos dizer assim. Felicidade traz paz?
  17. Talvez felicidade seja a própria paz.
  18. Penso nos bilhões de pessoas no nosso mundo de hoje. Somos mais, infinitamente mais pessoas que no início da história humana.
  19. Penso em como estes bilhões de pessoas que coexistem comigo, hoje, poderiam ser felizes. Como dar felicidade a eles e elas?
  20. Impossível. Não se dá a felicidade a ninguém.
  21. Então como eu poderia ser feliz, sabendo que bilhões de pessoas talvez não tenham as mínimas condições de se tornarem felizes?
  22. Esta reflexão me torna um pouco mais pacífico em meus sentimentos para comigo próprio. Sinto, então, que a minha paz depende de momentos em que estou consciente de minha realidade.
  23. Há pessoas que sentem a paz independentemente de se estão em uma boa situação ou em má situação.
  24. Sentem paz por sua disposição natural frente aos problemas da vida.
  25. Se o sentimento de paz é algo que não depende da situação vivida ser boa ou ruim, se esta paz independe de condições financeiras, da felicidade de ter ou ser qualquer coisa, então a paz é um sentimento, que pode ser então aprendido.
  26. Se podemos aprender a paz, como sentimento, diante das dificuldades da vida, no que ela poderia nos ajudar, nos auxiliar?
  27. O que a paz mudaria na vida das pessoas que passam fome se elas sentissem essa paz?
  28. Penso que a fome é a maior falta de paz. O pior de todos os sentimentos é o sentimento de que sua fome não está sendo satisfeita com alimento!
  29. Penso então que nada me falta, ainda que tenha inúmeros problemas com coisas que dizem respeito a mim mesmo!
  30. Por que minha fome é satisfeita...
  31. Se há fome, não há paz.
  32. Se há culpa em meu coração, não há paz.
  33. Se há problemas inúmeros, não há paz.
  34. E se há doença? Há paz? A dor tira a paz de alguém?
  35. Existem milhões de pessoas que sofrem de dores imensas.
  36. Estas dores tiram-lhes a paz.
  37. Eu também sofro de pequenas dores.
  38. Sinto, então, que minha paz independe de minha situação, que posso sentir a paz que tanto desejo, pois tenho quase tudo o de que preciso.
  39. Sinto compaixão por aqueles e aquelas que sentem dores maiores que as minhas, que sentem fome real, de alimentos, por aqueles e aquelas que nada têm, enquanto eu tenho muito mais que poderia sonhar...
  40. Tenho um sonho, então, um sonho de paz.
  41. Um desejo enorme de que um dia esses bilhões de pessoas que existem hoje, todos e todas, alcancem algum sentimento de paz. Paz verdadeira, que independa de se a situação momentânea deles e delas seja boa ou ruim. Um sentimento de paz que atinja a toda a humanidade. Um sonho de paz para o mundo. Um sonho de felicidade. Felicidade para todos.
  42. Por que se não temos tudo o que queremos podemos imaginar um sonho de solidariedade entre nós humanos, que nós atinjamos esse sonho de paz para todos, que não falte alimento, que nada falte, ainda que falte muito, que as necessidades mais elementares sejam satisfeitas, que as pessoas encarem a vida com um sentimento de paz em relação aos seus semelhantes, com relação a si mesmas, que aprendam a perdoar a si mesmas, a amar a si mesmas, que aprendam a sentir paz independentemente de sua situação momentânea.
  43. Desejo esta paz a todos. Que aqueles e aquelas que não têm paz cheguem um dia, senão agora mesmo, a terem paz no coração.

    A paz que vem de Christo é a maior paz que possa existir. Graças dou a Nosso Senhor Jesus Christo, Amém!

Trabalho de meu filho sobre filosofia – vejam a conclusão...

eSCOLA tecnica estadual 25 DE JULHO

TRABALHO DE SOCIOLOGIA

MOVIMENTO PUNK

 

Anderson, Jaderson, Eugênio, Telismar.

 


 


 


 

Introdução


 

Nosso grupo decidiu fazer a escolha do tema "Punk", pois a cultura dos mesmos é uma cultura bastante diferenciada, seu estilo não nos deixa negar. Suas roupas são bem diferentes, seus cabelos exóticos, suas maquiagens, enfim, eles possuem muitas características um pouco "atrevidas". Através deste trabalho pretendemos descobrir um pouco mais sobre a cultura Punk, pois apenas o que sabemos é que os mesmos gostam de roupa preta, camisetas com bandas de rock e também de cabelos compridos para mulheres como para homens (com exceções, é claro). Queremos saber de onde surgiram, qual a sua origem, os motivos que faz com que os jovens troquem seu estilo casual e aderem ao estilo Punk, porque gostam de preto e não de outra cor mais alegre, entre outras curiosidades.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

Punk rock

Punk rock é um movimento musical e cultural que surgiu em meados da década de 1970, que tem como principais características músicas simples (que geralmente não passam de três ou quatro acordes), rápidas e agressivas, temas que abordam idéias anarquistas, niilistas e revolucionárias, ou sobre problemas políticos e sociais como o desemprego, a guerra, a violência, ou em outros casos, letras com menos conteúdo político e social, como relacionamentos, diversão, sexo, drogas e temas do cotidiano. O visual agressivo, que foge dos padrões da moda, a filosofia "faça-você-mesmo" e as atitudes destrutivas também são outras características do punk.

Suas raízes tem origens nos Estados Unidos, com bandas como New York Dolls, Stooges, MC5, Dictators e Ramones. Mais tarde o estilo se popularizaria na Europa e teria inúmeras bandas representando-o, como o The Clash, Sex Pistols, The Damned, U.K. Subs, Eddie & The Hot Rots, Wire e The Stranglers na Inglaterra; Stiff Little Fingers e The Undertones na Irlanda; The Dogs, Stinky Toys e Metal Urbain na França; Male e Mittagspause na Alemanha; The Kids na Bélgica; Lama, Briard e Eppu Normaali na Finlândia; Rude Kids, Ebba Grön e Göteborg Sound na Suécia; Speedtwins na Holanda; Radio Birdman e The Saints na Austrália; e Restos de Nada, AI-5 e Condutores de Cadáver no Brasil. Mais tarde, o movimento se espalharia pelo mundo todo e até os anos 1980 praticamente todos os países teriam uma cena de punk rock.

Cultura Punk

Denomina-se cultura punk os estilos dentro da produção cultural que possuem certas características comuns àquelas ditas punk, como por exemplo o princípio de autonomia do faça-você-mesmo, o interesse pela aparência agressiva, a simplicidade, o sarcasmo niilista e a subversão da cultura. Entre os elementos culturais punk estão: o estilo musical, a moda, o design, as artes plásticas, o cinema, a poesia, e também o comportamento (podendo incluir ou não princípios éticos e políticos definidos), expressões linguísticas, símbolos e outros códigos de comunicação.

O punk como movimento social

A partir do fim da década de 1970 o conceito de cultura punk adquiriu novo sentido com a expressão Movimento Punk, que passou a ser usada para definir sua transformação em tribo urbana, substituindo uma concepção abrangente e pouco definida da atitude individual e fundamentalmente cultural pelo conceito de movimento social propriamente dito: a aceitação pelo indivíduo de uma ideologia, comportamento e postura supostos comum a todos membros do movimento punk ou da gangue ou ramificação/submovimento que ele pertence. O movimento punk é uma forma mais ou menos organizada e unificada, com o intuito de alcançar objetivos, seja a revolução política, almejada de forma diferente pelos vários subgrupos do movimento, seja a preservação e resistência da tradição punk, como forma cultural deliberadamente marginal e alternativa à cultura tradicional vigente na sociedade ou como manifestação de segregação e auto-afirmação por gangues de rua. A cultura punk, segundo esta definição, pode então ser entendida como costumes, tradições e ideologias de uma organização ou grupo social.

Apesar de atualmente o conceito movimento punk ser a interpretação mais popular de cultura punk, nem todos indivíduos ligados a esta cultura são membros de um grupo ou movimento. Um grande número de punks definem o termo punk como uma manifestação fundamentalmente cultural e ideologicamente independente, cujo o aspecto revolucionário se baseia na subversão não-coerciva dos costumes do dia-a-dia sem no entanto se apegar a um objetivo preciso ou a um desejo de aceitação por um grupo de pessoas, representando uma postura distinta do caráter politicamente organizado e definido do movimento punk e de seu respectivo interesse na preservação da tradição punk em sua forma original ou considerada adequada.

Esta diferença de postura entre o movimento punk e outros adeptos da cultura é responsável por constantes conflitos e discussões, às vezes violentos, que ocorrem no encontro destes indivíduos em ruas e festivais, ou através de meios de comunicação alternativos como revistas, fanzines e fóruns.


 

Origem

Estados Unidos

Originalmente o punk surge por volta de 1975 como uma manifestação cultural juvenil semelhante aos da década de 1950 e 1960: era caracterizado quase que totalmente por um estilo baseado em música, moda e comportamento.

Esta primeira manifestação punk, o estilo punk rock, surge primeiro nos Estados Unidos com a banda The Ramones por volta de 1974 e é caracterizada por um revivalismo da cultura rock and roll (músicas curtas, simples e dançantes) e do estilo rocker/greaser (jaquetas de couro estilo motociclista, camiseta branca, calça jeans, tênis e o culto a juventude, diversão e rebeldia).

Enquanto o rock and roll tradicional ainda criava estrelas do rock, que distanciavam o público do músico, o punk rock rompeu este distanciamento trazendo o princípio da música super-simplificada (pouco mais que três acordes, facilmente tocados por qualquer pessoa sem formação mínima musical) e instigando naturalmente outros adolescentes a criarem suas próprias bandas. O punk rock chega à Inglaterra e influencia uma série de jovens pouco menos de um ano depois.

Extremamente empolgado pela apresentação dos Ramones, Mark Perry abandona seu emprego e produz o primeiro fanzine punk, o Sniffin' Glue ("cheirando cola"), com a intenção de promover esta nova agitação cultural. O fanzine (revista de fãs) foi o símbolo marco para o faça-você-mesmo punk, não tinha quase nenhum recurso financeiro e era marcado pelo estilo visual deliberadamente grosseiro e com senso de humor ácido.


 


 


 

Inglaterra

Na Inglaterra o princípio de que "qualquer um pode montar uma banda" e o espírito renovador do punk rock se mesclaram a uma situação de tédio cultural e decadência social, desencadeando o punk propriamente dito.

Os Sex Pistols, antes uma banda de punk-rock comum, se torna um projeto mais ambicioso com a tutela de Malcom McLaren e a inclusão de um vocalista inventivo e provocador, Johnny Rotten. A banda passa a usar suásticas e outros símbolos nazi-fascistas, além de símbolos comunistas e indumentária sadomasoquista num agressivo deboche dos valores políticos, morais e culturais (influenciados e patrocinados por Malcolm McLaren e Vivienne Westwood, amigos aficcionados pelas idéias Dadaístas e Situacionistas).

Além de ridicularizar clássicos do rock and roll, as músicas da banda costumavam demonstrar um profundo pessimismo e niilismo, agredindo diretamente diversos elementos da cultura vigente, sempre em tom sarcástico e agressivo. Logo chamam a atenção de entusiastas que começam a acompanhar os shows produzindo eles próprios de forma caseira estilos de roupas e acessórios, em geral rearranjos de roupas tradicionais como ternos, camisas e vestidos, com itens sadomasoquistas, pregos, pinos, rasgos e retalhos.

Essas características, interesse pelo grosseiro e o ofensivo, valorização do faça-você-mesmo, reutilização de roupas e símbolos de conhecimento geral em um novo contexto bizarro, crítica social, desprezo pelas ideologias, sejam políticas ou morais, e pessimismo somado ao estilo empolgante e direto do punk-rock definiram a primeira encarnação do que hoje entendemos como cultura punk.

A partir de 1977 esta postura punk se tornou um fenômeno impactante na maior parte do mundo.


 

Brasil

No Brasil, o punk surgiu no final da década de 70 em meio à repressão causada pelo governo militar, inicialmente em Brasília e São Paulo, e posteriormente em outros centros urbanos do país.

O movimento punk em São Paulo surgiu na Zona Norte, mais precisamente a turma roqueira da Vila Carolina, onde desde o início dos anos 70, já se formava uma cena pré-punk influenciada por bandas de protesto norte-americanas e inglesas, como MC5, The Stooges e Dust. Daqui surge a primeira banda de punk rock brasileira: os Restos de Nada.

A banda foi formada em 1978 como uma forma de protestar contra a repressão do governo militar e mostrar que diversos jovens lutavam por uma sociedade melhor. O precursor dessas idéias foi o guitarrista Douglas Viscaino que criou a banda. Inspiradas nesse ideal, muitas outras bandas se formaram para também criticar o regime, tais quais como AI-5, Condutores de Cadáver, Cólera, Aborto Elétrico, entre outras.

Em Brasília, o punk rock chegou por volta de 1977, através de filhos de políticos e embaixadores que trouxeram do exterior álbuns de bandas de punk rock que estavam nas paradas inglesas da época.


 


 


 


 


 


 


 


 

Música

O primeiro aspecto cultural punk desenvolvido foi o estilo musical. A música punk desde suas origens até os dias de hoje passou por diversas mudanças e sub-divisões, englobando características que vão do pop-rock irônico e politicamente indiferente ao ruidoso discurso político panfletário.(retórica)

Apesar disso, nos diversos estilos de música punk o caráter anti-social e/ou socialmente crítico é bastante recorrente e a ausência destas características é vista por alguns como justificativa para o não-reconhecimento de uma banda como sendo do estilo punk. Estilos muito distintos do punk-rock também são desconsiderados com freqüência.

O estilo punk-rock tradicional caracteriza-se pelo uso de poucos acordes, em geral power chords, solos breves e simples (ou ausência de solos), música de curta duração e letras sarcásticas que podem ser politizadas ou não, em muitos casos uma manifestação de antipatia à cultura vigente.

Estas características não devem ser tomadas como uma definição geral de punk-rock pois bandas e variações bem difundidas do gênero apresentam características muitas vezes antagônicas a estas, como por exemplo as músicas longas e complexas do Television, o experimentalismo cacofônico do Crass, a tendência de sociabilização das bandas de hardcore moderno e o discurso sério de algumas bandas politizadas.


 


 


 


 


 


 


 

Conclusão


 

Com este trabalho o nosso grupo aprendeu muito sobre o movimento punk, que foi uma revolução que ocorreu na metade da década de 70, e que influenciou milhões de pessoas, com seu estilo, músicas, roupas, cabelos...Esse movimento eles defendiam o Anarquismo e a liberdade individual, e manifestavam a sua rebeldia contra a hipocrisia, os privilégios, a sociedade conformista, as desigualdades sociais etc...


 

Minha conclusão:

  1. Ijuí, RS, quinta-feira, 10 de dezembro de 2009. São 21h23min.

  1. Minha primeira conclusão, e definitiva, é de que tudo isto é retórica, mal formulada, mal intencionada e muitíssimo burra, desculpem o termo ofensivo a quem escreveu isto.
  2. Por quê? Porque esta contracultura, ou seja lá, com que quiserem defini-la, é contracultura lá na Inglaterra e nos EUA.
  3. Aqui, a contracultura é representada pelas gangues e quadrilhas armadas das favelas...
  4. Estas sim têm uma cultura própria, ainda que seus bailes sejam de música parecida ou similar.
  5. Na realidade a música é um detalhe.
  6. A contracultura brasileira é representada pela revolta armada das quadrilhas de jovens traficantes que não tendo saída para uma vida melhor procuram unir-se em bandos mais organizados e armados para provocar, isto sim, uma reação do público em geral, uma revolta e uma reação. É o tudo ou nada!
  7. Devem pensar eles, já que a sociedade nos exclui, vamos infernizar sua vida. Vamos roubar, traficar, fazer tudo ao contrário, matando, desafiando a cultura vigente, um desafio corajoso, porém muitíssimo perigoso para eles próprios...! Vamos fazer nosso mundo à parte...!
  8. É um desafio às autoridades, é um desafio a nós todos, enquanto cidadãos, e nós vemos isto com a tranqüilidade de quem assiste aos crimes por eles praticados, todos os dias nos noticiários, e não nos posicionamos nem um pouco a seu favor; dizem os apresentadores de noticiários: - bandidos! Bandidos! E nós cidadãos, calados simplesmente aceitamos tudo como vem nos noticiários. É claro, somos vítimas também desta injustiça!
  9. Não adianta perguntar quais as causas desta injustiça geral!
  10. As causas são:
  11. A impunidade de quem rouba recursos públicos (do erário, os políticos, os importantes, os que têm voz), porque não são furtos, são assaltos às nossas consciências, assaltam-nos todos os dias e ficamos inertes. Aprendemos assim de nossos pacíficos pais!...
  12. A ineficiência não das polícias, estas dentro dos seus limites (parcos recursos, insalubridade, para os policiais ter que enfrentar gente violenta com perigo de morte – de perder a vida ganhando um salário miserável), são eficientes até onde dá, mas sim do poder público que não investe em saneamento, urbanização, escolas, empregos suficientes, uma vida completamente sem futuro.
  13. Quem tem dinheiro também tem culpa. Não reinvestem o dinheiro que têm, jogando fora em delícias na vida de rico, os magnatas estão se lixando para esta gente pobre. Não reinvestem o seu lucro nas empresas. Preferem paraísos fiscais ou deixar o lucro nos bancos ou ainda comprar fazendas que só rendem poucos empregos.
  14. As grandes aglomerações urbanas já são por si só violentas (veja-se a poluição do ar, das águas, visuais, auditivas etc. – estas são violências que quem mora na cidade grande não escapa delas e se submete, já não faz a diferença estar lá suportando isto). A pobreza generalizada das grandes cidades só agrava esta violência.
  15. Pausa para pensar.
  16. Quem disseminou as drogas no mundo inteiro? Estes são os verdadeiros culpados do tráfico, das plantações de maconha e coca ilegais! Quem? Quem? Todos nós sabemos.
  17. Não vou dar nome aos bois, mas quem conhece a história sabe.
  18. Sigmund Freud medicou um paciente seu com uma substância alucinógena! Foi o primeiro. Pobrezinho do Freud, ele pensava estar fazendo um bem e fez um grande mal. Pensou fazer um passarinho e fez um morcego.
  19. Porém a idéia de disseminar as drogas entre estudantes e hippyes não foi dele. Foi de uma elite ou militar ou governamental de um país muito importante onde estes surgiram.
  20. Queriam minar a juventude por dentro, destruir seus valores morais, sua ética diferente. E conseguiram. E depois perderam o controle.
  21. Este é o perigo que corremos. Não queremos aceitar a dignidade humana nestas pessoas revoltadas que significam para nós rejeitos, escórias, mas elas a têm.
  22. Não merecem de nossa parte nenhuma honra, mas a dignidade inerente a suas vidas, existências tristes, que buscam por felicidade como nós todos buscamos: esta elas a têm por direito natural de serem humanas...!
  23. PAUSA PARA PENSAR.
  24. Nada mais a dizer? Podem pensar que não há mais nada a dizer. Mas há!
  25. Há aqueles que se deliciam com os votos desta gente, prometendo e não cumprindo. Há aqueles que prometem o céu (o inferno é o céu, eu escrevi em outro trabalho, se não me engano em filosofia). Ou fazem acordos com os traficantes chefões do tráfico no RJ ou em São Paulo, ou ainda em outras capitais, em troca de votos, dinheiro ou sujeiras de todo o tipo.
  26. E as coisas não mudam. Nunca vai mudar deste jeito. Não há saída, senão investir nesta gente.
  27. Investir pesado na educação dos jovens que não se corromperam, investir nos já corrompidos, devolver-lhes a dignidade que eles perderam por motivos econômicos e sociais escusos.
  28. Como devolver dignidade a quem matou o seu semelhante?
  29. Quando são presos por crimes hediondos eles e elas, as mulheres e os rapazes jovens ainda vão para depósitos de gente delinqüente. Sim, são depósitos, não são prisões. Não se educa ninguém lá, a não ser esforços pessoais de gente bem intencionada. Insuficientes por demais! São tratados desumanamente. E depois os que os defendem são tidos como injustos pela sociedade. Será que não somos culpados disto?
  30. Será que nossa inércia não corrobora para fins tão maléficos?
  31. Somos inertes. Quando isto vai mudar?
  32. Não sei. Deus sabe. Quem sabe mais que eu? Soluções?
  33. Educação em primeiro lugar. A presença do poder público lá! Dentro das favelas, melhorando a vida, cumprindo as promessas de todos os políticos, já que elas são repetidas diversas, e diversas vezes por atores políticos diferentes...! Não aceitando trocas de poder por dinheiro fácil, corrupção, etc.
  34. Saneamento, emprego para esta gente toda. Que mais? Tudo o que eles desejariam se fossem pessoas como nós? Sim. Por que são pessoas. Por que são nossos semelhantes. Somos filhos da mesma terra, a África. Ou somos filhos da mesma terra, o Brasil. Foram escravos seus antepassados! Trabalharam por nossa terra enchendo-a de riquezas, as mesmas que gozamos agora! Eu estou aqui gozando delícias, ainda que minha vida financeira esteja uma merda bem grande!
  35. Esta gente pobre não sabe nem ler. Quanto mais ler a Bíblia, ter valores, não podem, são impedidos pela sua dura realidade. Não sabem ler, não podem ler a Bíblia.
  36. Não digo todos, é claro, não posso generalizar! Porém a grande maioria é assim.
  37. Quando o poder público vai se importar com esta gente?
  38. Quando vão tomar alguma iniciativa os ricos?
  39. Quando vão investir em uma fábrica, de brinquedos ou de bugigangas que seja, lá dentro da favela?
  40. Quando os políticos vão parar de fazer o jogo do círculo vicioso?
  41. Sei de gente rica que joga comida fora, comida boa...! Dava, com estas sobras, para alimentar muita gente. Não dão valor ao que têm.
  42. As Igrejas chegam Lá? Não sei, não posso falar.
  43. Não tem nem coragem de chegar perto. Provavelmente!
  44. Contracultura para mim são os mendigos do Brasil. São os pobres, são os que não têm nada! São os desamparados da sorte. Os violentos, os estupradores, os hediondos! Eles são a contracultura. Nossa cultura, cheia de louvores, ah! Esta sim é a "Cultura" por excelência! Bah!
  45. Desisto! Não há o que convença ninguém! Ninguém me ouve. Sou um pulha para eles. Eu também sou contra cultural! Minha cultura é a contracultura, estou no sentido inverso do que se faz por aí em termos de filosofia. Não defendo a violência deles. Mas seus direitos, suas dignidades, sua honra perdida.
  46. Deus abençoe a todos! Em nome de Jesus! Amém.


 

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Amor

Não há amor maior que alguém dar a própria vida pelos amigos.


 

Oração de São Francisco de Assis


 

Reformada por Moacir C. Fontoura


 

Senhor, fazei-me instrumento de Vossa Paz.

Onde houver ódio que eu leve o amor!

Onde houver ofensa, que eu leve o perdão!

Onde houver discórdia, que eu leve a união!

Onde houver dúvida que eu leve a fé!

Onde houver erro, que eu leve a verdade!

Onde houver desespero, que eu leve a esperança!

Onde houver tristeza, que eu leve a alegria!

Onde houver trevas, que eu leve a luz!


 

Ó Mestre, fazei com que eu procure mais:

Consolar e ser consolado!

Compreender e ser compreendido!

Amar e ser amado!

Pois melhor é dar presentes que recebê-los!

Pois é perdoando e perdoado é que, morrendo,

Nasce-se para a vida eterna! Em Vosso Nome, Amém!


 

Poderíamos...

Poderíamos acrescentar nessa oração a seguinte frase:

Senhor Jesus: fazei-me instrumento da Vossa Justiça!

Justiça com paz. Sim, já vi esta história antes. Uma copa do mundo, uma olimpíada, e uma ou duas guerras contra a sede dos jogos...

Será que vai se repetir? Lembrem-se do século passado, bem no início! A história oficial está aí para todos lerem, basta se informar...

Considerações sobre a Paz!

Sobre a Paz!

Ijuí, RS, quarta-feira, 26 de maio de 2010. São 20h40min.

Provavelmente qualquer um que ler isto aqui vai ficar pensando: - Paz? Mas estamos em Paz!?

Ora, que importância teria escrever sobre a paz num momento em que no mundo inteiro a paz reina suave e silente!

Estamos viajando em céu de brigadeiro, num oceano em que os ventos sopram a favor e o tempo é bom...

Sim, tudo isso parece ser verdade. É mesmo?

Senão, vejamos:

Nosso país nasceu há mais ou menos uns quinhentos anos atrás no tempo.

De lá para cá enfrentamos alguns poucos conflitos internos que hoje estão completamente resolvidos e alguns conflitos externos em que nos envolvemos motivados por ataques e necessidade de defesa própria: a Guerra do Paraguay e a 1ª e 2ª Grande Guerras.

Fomos aliados não da Europa, mas da Inglaterra e Estados Unidos da América.

Nossa participação só foi maior mesmo na Guerra do Paraguay.

Então estamos em paz.

Porém, ficam certas coisas, clamores silentes dentro de nossas almas, como que gritando pela nossa libertação.

Libertação do quê?

Econômica, por exemplo!

A grande maioria dos brasileiros e das brasileiras não sente paz no coração, ou na mente, como queiram, exatamente.

A grande maioria vive em favelas violentas e sente na própria existência a agressão física, a pobreza, condições desumanas de vida. Isto não é paz!

Já os ricos vivem uma paz sitiada, vivem livres, mas presos entre grades que os protegem.

Lembro-me de meus filhos indo e vindo até altas horas da noite, ainda pequenininhos, livres, verdadeiramente livres no bairro em que morávamos, por que lá não havia violência.

É claro, não dá para generalizar as coisas.

Como afirmei em outro trabalho, quando a gente vê os outros terem estímulos através da mídia, seja ela eletrônica, computadores, ipods etc., a gente fica com a necessidade psicológica de ter algo parecido, queremos os mesmos estímulos. Sim, estímulos, especialmente entre a gurizada é importantíssimo.

Como a maioria dos brasileirinhos e das brasileirinhas não têm estes estímulos, a necessidade fica insatisfeita.

De onde vêm estes estímulos? Das fábricas de brinquedos americanas. Eles estudam a mente humana a fim de descobrir coisas que façam os estímulos aparecerem diante de nossos olhos e ouvidos, e depois transformam tudo isto em brinquedos, como os ipods, para o quê? Vender, lucrar, ganhar dinheiro.

Por um lado é bom. Os estímulos para a gurizada são necessários.

Por outro lado é ruim. Há muita corrupção moral na internet e também é ruim o fato de que nós não produzimos estes brinquedos caros.

Então, nossa paz é uma paz em que as necessidades tanto das pessoas, as mais pobres, e as do país, nação, como um todo, estão insatisfeitas.

Não é para defender o lucro dos empresários capitalistas brasileiros, mas para defender a geração de impostos que poderiam acabar revertendo em estímulos semelhantes nas escolas, igualmente como é entre os ricos.

Então, se temos necessidades semelhantes, de estímulos para a gurizada, se temos fome de gerar impostos aqui, se temos necessidades não satisfeitas, nossa paz é uma paz pela metade.

Não conseguimos dormir, a não ser os(as) alienados(as), tranqüilos(as) completamente, pois sabemos que menos dia, mais dia, aquilo vai ir pro furaco.

A vida vai nos cobrar caro esta paz pela metade.

No entanto há caminhos estreitos e seguros, ainda que apertados, e os largos e fáceis.

Escolhamos os caminhos estreitos e seguros, ainda que apertados e apinhados de gente.

Por que os caminhos largos e fáceis dão na perdição.

Vi outro dia no YouTube, um menininho americano, de quem não lembro o nome, muito lindo, com olhos azuis a cantar uma música de Michael Jackson.

Parecia um anjo. Penso agora nos nossos menininhos e nossas menininhas, eles e elas têm também os mesmos sonhos e as mesmas esperanças que este menininho americano.

Têm todos eles e todas elas as mesmas necessidades. Só a geração de empregos dignos e bem remunerados aqui, ou seja, através da criação de indústrias e investimentos em mercado interno do nosso país, nação, é que conseguiremos tomar o rumo dos estímulos para nossas vidas. Estímulos econômicos, aos quais teremos que reagir positivamente. E neste feedback a resposta da realidade será mais justiça social e meninos e meninas crescendo com estímulos, aprendendo a ser inteligente, mais gente com ética na política, por exemplo, e também menos roubos e menos falcatruas.

É preciso que nos importemos com o bem público agora, enquanto dá tempo. Que votemos certo. Quem me dera houvesse eleições todos os anos. Para qualquer cargo público. Aí nossa democracia se consolidaria. Pois é votando que se aprende a votar, a escolher. A separar o joio do trigo.

É assim que se fortalece uma democracia.