quinta-feira, 20 de maio de 2010

Um diálogo entre a ciência e a religião!

Um pequeno diálogo entre ciência e religião.

  1. Como começar um pequeno diálogo entre ciência e religião?
  2. Imaginemos um cientista, filósofo e matemático, alguém com raciocínio lógico perfeito, versado em questões difíceis de resolver. Agora, imaginemos um Clérigo, ligado à Igreja Cristã (não importa qual denominação religiosa), também filósofo, talvez um homem ou mulher que tenha em seu currículo a formação em psicologia ou medicina, versado em questões exegéticas e difíceis, com conhecimentos amplos da realidade e da natureza, tanto da ciência como de sua religião...
  3. Pausa.
  4. Vejam, é só imaginação minha. Não sou nenhum dos casos citados (matemático, filósofo ou médico). Tudo o que há em mim são inspirações.
  5. Por isto, esta imaginação, depende de o que o Senhor Deus colocar em minha mente...
  6. Perdoem-me os que julgarem qualquer coisa que eu diga como incorreta, inexata, iníqua.
  7. Prefiro então dizer ou afirmar que não é este pequeno diálogo uma tentativa de auto-afirmação psíquica ou como valor pessoal. É apenas imaginação dentro do que eu conheço destas realidades e de como pensam os tais profissionais.
  8. Façamos uma citação das palavras de Albert Einstein, a quem eu devoto em meu coração um amor póstumo e honra, e valor incomensurável como homem e personalidade, a quem dediquei algum trabalho meu na mesma ciência a que ele se dedicou, a quem, na minha adolescência correspondeu ao modelo que me faltou ou que me foi negado pela minha realidade íntima, não externa, pois modelo de pai tive sim, no meu pai espiritual e biológico, a quem também amo e a quem sigo pegada por pegada neste caminho da vida...
  9. Disse ele (A. Einstein):
  10. – "A ciência sem a religião é cega, a religião sem a ciência é manca"... – e perdoem-me se eu inverti ou não lembrei corretamente a afirmação...

Comecemos.

  1. Olá! (afirmações, perguntas ou elucidações ímpares serão do nosso amigo Cientista).
  2. Olá! (afirmações, perguntas ou elucidações pares serão do nosso amigo Clérigo Religioso!).
  3. Como vai o amigo? Como vai vosso rebanho de almas?
  4. Ora, vou bem, e por que a consideração ao rebanho?
  5. Ora porque se existe rebanho então estou incluído nele!
  6. Como vai Vossa Excelência, pergunto eu, em primeiro lugar? Depois tratemos de se somos rebanho ou não! O amigo está bem em sua saúde? Como está a família, esposa, filhos, queridos?
  7. Estão todos bem, da mesma maneira que eu. Tive uns pequenos problemas de saúde, algo relacionado com meus tecidos conjuntivos, meus joelhos doem às vezes. Sinto que para isto não há remédio, e sinto que isto é conseqüência da idade que avança sem que a possamos deter.
  8. Não podemos deter o tempo, meu velho... E, digo isto com todo o meu coração, talvez seja para nosso próprio bem, nós não o sabemos.
  9. Quantas coisas não sabemos, não é mesmo? Eu que estou acostumado a resolver problemas matemáticos é que sei o quão pouco sabemos.
  10. Sim, mesmo sabendo muito, o que mais temos em temor e tremor ao Senhor Deus são perguntas as quais não conseguimos responder por nós mesmos, senão inspirados por Ele...
  11. Sim, sabemos hoje infinitamente mais, ou assim julgamos, pelo menos, que os antigos sabiam, temos a nosso favor uma ciência que alia a teoria à prática, que comprova o que diz com dados empíricos, ou práticos, experiências que qualquer um pode realizar.
  12. Qualquer um? Eu não posso realizar nem um dedal de todas as experiências que me sugerem minha religião, pois na prática estou preso a grilhões que dizem respeito à minha condição humana... E o que aprendi como médico (ou terapeuta) só o evidencio pela prática médica. No mais, muitas coisas são impossíveis para mim.
  13. Estás a referir que o Vosso referencial é pequeno!
  14. Sim.
  15. Posso, como afirma Vossa Excelência comprovar quase a totalidade das teses que conheço como matemático, mas quando penso em filosofia perco-me entre tantas correntes e afirmações diferentes, diversas; penso então que não atingi o imo de determinadas questões. Nisto sou leigo.
  16. Sou versado em poucos conhecimentos de filosofia, mas em fisiologia vou bem.
  17. Meu referencial também é pequeno!
  18. Somos ignorantes letrados – risos...
  19. Risos...
  20. Nada sabemos...
  21. E que diria Vossa Excelência, Deus existe, ou não existe?
  22. Qual Vossa opinião? Qual o pensamento de Vossa Excelência a respeito do assunto – devolvendo a pergunta...
  23. Penso eu, em primeiro lugar, não em minha opinião, mas no que diz respeito às provas científicas de que o Senhor Deus não existe. Infelizmente é pouco prático ser um cientista, neste caso. Que prova, ou que provas, me daria Vossa Excelência de que Ele existe ou não?
  24. Provas cabais não tenho. Até eu fico em dúvida às vezes, sei que nossa religião funciona como funcionam muitos mitos e sonhos humanos. Sei que nossa religião é algo humano, que vem ela do espírito humano e com ele está intimamente ligada. Porém há coisas escritas nos livros Sagrados que correspondem a fatos diversos comprovadamente científicos, sob o ponto de vista atual! Para mim, particularmente, todo o resto, todas as outras afirmações que são feitas, especulações etc., são detalhes a que não se deveria dar tamanha importância. Queres um exemplo?
  25. Sim.
  26. A veracidade do Santo Sudário.
  27. Incorreto, meu querido. Por quê?
  28. Corretíssimo, meu querido...!
  29. Ora! Como podemos nós ateus provar que Deus não existe se não conseguirmos provar a falsidade de tal objeto? E temos obtido provas de que este objeto, sagrado para Vós, é realmente falso!
  30. Está bem. Isto para minha pessoa nada tem que seja importante.
  31. Ah! Tem sim.
  32. Não tem não!
  33. Prove-me.
  34. Façamos a suposição de que: - este objeto a quem muitos devotam culto, como relíquia de um sacrifício verdadeiro, não existisse...
  35. Sim, e daí?
  36. O que restaria como prova de que Nosso Senhor veio a este mundo?
  37. Nada.
  38. E nós?
  39. Como assim?
  40. Nós, cristãos, não somos nada?
  41. Ah, sim, mas poderia ser que alguém tivesse criado esta conversa toda de que Ele existiu... E levou os outros, seus seguidores na conversa...!
  42. Você já conseguiu convencer alguém de alguma coisa parecida?
  43. Como assim?
  44. Ora, inventou um mito, construiu-o e depois espalhou como verdade!
  45. É claro que não. Não sou bom político para convencer ninguém.
  46. E a quem interessaria convencer outros de que a bondade e o amor fraternal, ou a piedade, a caridade e o respeito ao próximo como a si mesmo são valores que devem ser levados em consideração?
  47. Ora, a um povo perseguido pelos Romanos...
  48. Política?
  49. Sim, eles queriam a libertação dos Romanos.
  50. Bastaria que se unissem em torno de um líder e o seguissem e com uma revolta armada e um pouco de inteligência teriam conseguido o que queriam...
  51. Obra de muitos?
  52. Sim. Porém eu pergunto: - e a construção deste mito. Eles não sabiam nada a respeito nem de mitos e nem de sonhos!
  53. Afirmo que era o inconsciente coletivo em ação!
  54. Se for o inconsciente coletivo não houve espaço para criações "conscientes" ou determinadas pela vontade de indivíduos, por mais inteligentes que fossem...
  55. Não foi este mito obra de um grupo com um líder?
  56. Sim... É o que estou tentando lhe afirmar desde o começo.
  57. Ah! Sei...! Não quero dizer isto. Digo, não foi obra de homens comuns que quiseram salvar a sua pátria?
  58. Há uma prova de que não foram homens comuns. Que homens dariam a vida para salvar a pátria, sabendo que isto era uma mentira? Você daria a vida por uma mentira? Se Christo não tivesse estado entre nós e eles fossem homens comuns, como o eram, não teriam a possibilidade de fazê-lo. Seriam detidos, em primeiro lugar por que não tinham nenhum exemplo... Quem teria a idéia, por mais vaga que fosse de "amar os seus inimigos pessoais"?
  59. Isto nos remete ao Antigo Testamento, que conheço bem...
  60. A.T.?
  61. Sim. Lá Deus afirma que se deve amar ao próximo como a si mesmo!
  62. Deus? Você acredita em Deus?
  63. Melhor, alguém lá afirma isso.
  64. Mas quem?
  65. Ora, o próprio Moisés! Ele era versado em toda a ciência dos egípcios... Foi criado como um príncipe. Tinha ele certamente um espírito cheio de fogo, e vontade férrea, uma ética que ele moldou para si próprio dentro do que julgava ser verdadeiro!
  66. Sim. Pode ser. Pergunto-lhe: se você fosse escravo não desejaria a liberdade?
  67. Que dúvida. Mas isto não prova que a idéia de amar ao próximo seja vinda de Deus. Prova isso sim, que havia o desejo de liberdade já entre os que tinham algum poder naquele país e nação!
  68. Naquela época os egípcios dominavam tudo. Que egípcio desejaria para algum Hebreu alguma liberdade? Melhor, refaço a pergunta: - no que a ciência egípcia levaria alguém, poderoso como um príncipe, e hebreu, sendo ele um homem como qualquer um de nós, a desejar a liberdade para seu povo hebreu como ele se não houvesse nele sentimentos de irmandade? Sim, respondo à pergunta, isto é óbvio... Porém, a ciência egípcia poderia levar este alguém a fazer tudo o que fez? Ou refazendo a pergunta, teria ele o poder que teve para libertá-los, sendo ele um homem limitado como era?
  69. Ora, Ghandi, no século passado o fez! Lá na Índia...
  70. Sim. E que exemplos ele seguiu?
  71. Está bem...
  72. Porém, lhe indago, a que exemplo se referiu Moisés para dar forma à idéia de amor ao próximo?
  73. Ele bem poderia ter sentido em si mesmo ambigüidades que vinham do fato de ter sido educado como príncipe e amar ao mesmo tempo ao povo de sua origem biológica e ao povo a quem estavam sujeitos!
  74. Pois é. Mas a Lei Mosaica não é a de amor aos inimigos! É a lei de Talião! Unha por unha, ou olho por olho, dente por dente! E se ele amava tanto a uns como a outros, Irmãos e Senhores, não se perderia na dúvida? Certo é que quis ele libertá-los. Tomou partido de um dos lados do conflito.
  75. Bom, a lei Mosaica é a Lei de Talião, mas pode ser que algum daqueles seguidores ou participantes do grupo que dizem ser o grupo dos apóstolos de Nosso Senhor tenha tido a idéia de amar aos inimigos e os outros a tenham concluído como boa idéia.
  76. Concordo, novamente. Este um era o próprio Christo.
  77. Não, quero dizer, que Christo seja uma criação humana, isto é, às vezes um fazia o papel de líder, outras vezes outro.
  78. Veja, Vossa Mercê está sugerindo exatamente aquilo que condena. Que existiu um grupo, que este grupo discutia as coisas que aconteciam no páis, nação, e queriam libertar a pátria. Que este grupo vacilava entre um líder e outro. Isto é uma insegurança total para um grupo! Um grupo tem que ter um líder que os liberte do peso das decisões, que este líder seja versado em questões difíceis, que eles o sigam. Se existiu este grupo, então Christo estava entre eles. Ele era o líder. As idéias eram personalíssimas... Não produto de vacilações momentâneas...
  79. Está correto! Porém não prova que Deus existe, ou que Christo era Deus, e nem mesmo que os seus milagres fossem verdadeiros...
  80. Estás sugerindo uma semântica?
  81. Sim.
  82. A conclusão a que nós dois chegamos é a de que Christo existiu sim, independentemente de provas materiais... Nota: Albert Einstein também concordou que Christo existiu!
  83. Pode ter existido, mas era tudo semântica...
  84. Ouça-me: preste atenção! Era semântica sim.
  85. Então estou correto e Christo foi um homem comum.
  86. Perdão! Você está completamente errado e evidencia isto sua própria ignorância ou desprezo pela evidência.
  87. Evidência? Que evidência?
  88. Está claríssimo, como água cristalina! Comum? Christo um homem comum? Que se importa com o próprio umbigo?
  89. Engole em seco!
  90. Cristo não poderia ser um homem comum, pelas idéias, por vir do meio do próprio povo, por ter um poder de convencimento infinito para a época em que viveu, por ser filho de agricultores, conhecer senão as lidas do campo, dos vegetais e pequenos animais silvestres, um homem que sabia ler e escrever, quando a maioria provavelmente não tinha acesso à leitura, um homem cuja inteligência estava acima das inteligências normais de sua época.
  91. Ora! Por isso mesmo! Ele sabia convencer, era um dom de Sua inteligência o convencimento e a persuasão! Era Ele, então, um gênio daquela época, não um Deus. E inconscientemente colocou Ele Seus sonhos pessoais, Seus desejos de ser considerado um deus pelos outros homens acima de qualquer coisa. O Seu inconsciente criou tudo isso...
  92. Que inconsciente! Eu queria ter um inconsciente assim!
  93. Que dizes? Acaso quer Vossa Excelência ser considerado um deus?
  94. Eh! Eh! Vossa Excelência não compreendeu a ironia.
  95. Que ironia?
  96. Se Christo era inconsciente então o que se dirá da consciência dos Romanos!
  97. Está bem... Ele era um homem consciente. Não prova isto que ele era Deus... O Criador de todas as coisas, como diz na Bíblia!
  98. Bom, sabemos então que Christo era um homem consciente e que não havia preocupações com o umbigo NEle. Não havia inconsciente NEle.
  99. Ainda não é prova de que Deus existe. E pior ainda, não há prova de que Ele, Christo, fosse esse Deus.
  100. Sabemos algo, então, que Ele era um homem excepcional.
  101. Está certo, e as provas?
  102. Vossa Excelência tem algum recurso com que provar que Ele não era Deus e que tudo o que ocorreu foi mal contado e que os seus milagres não ocorreram?
  103. Sim. Há o recurso da medicina atual. As ressurreições poderiam ser classificadas como epilepsia. É um fenômeno que acontece com determinadas pessoas. Parecem mortas e de repente lá estão elas de novo. Ele próprio poderia ser um epiléptico.
  104. Penso eu que Vossa Excelência está digredindo de nosso objetivo.
  105. Como assim, só quero provas de que Ele era Deus!
  106. Isto é que é o erro de todos os cientistas, perdem o foco do que dizem as escrituras por quererem provas materiais... São materialistas em extremo! O que o Senhor está querendo é a mesma coisa que sugeri acima, isto é, está querendo um Santo Sudário para malhar...
  107. Silêncio por parte do cientista.
  108. Na realidade o que importa nas escrituras, o foco delas não são os milagres ou o poder sobrenatural de Christo. Sim, o foco é o que Jesus falava, quando esteve entre nós, o que ele fazia, seus exemplos, sua Justiça, seu comportamento, suas relações interpessoais, como Ele agia com determinados problemas comuns naquela época. Por um exemplo: trabalhar aos sábados... Ou então como ele fazia ao julgar pessoas tidas como excluídas da sociedade. Hoje em dia muitos querem fazer crer que sua ideologia é a que está correta por que incluem mais pessoas pobres, outros que seus modelos baseados em uma ideologia capitalista é que estão corretos, por que aí dizem eles, o capitalismo prega o bem estar para as pessoas e quer incluí-las como parte da máquina capitalista, bastando para isto decisões corretas dos dirigentes da nação! Ambos são capazes de tudo para obter o poder. Christo o fazia? Não, rejeitou Ele o que quiseram fazer DEle. Optou Ele pela humildade e o serviço gratuito ao próximo. O foco de todas as escrituras está no que sentem as pessoas, especialmente as pecadoras, o foco está numa bondade que Ele exemplificou com a própria existência. O foco das escrituras não é o que ele fez, simplesmente como milagre, mas sim os Seus sentimentos em relação às pessoas, ao outro, o foco são Seus ensinamentos, suas atitudes frente a um adversário brutal, inconsciente, ganancioso... Ele nos pediu que os amássemos. Que amor é este, ainda que fossem fraudes os seus milagres, que é capaz de entregar-se a um sacrifício de horror por pessoas que não mereciam? Este é o foco. Se seus milagres não eram verdadeiros, se ele não transformou água em vinho, nem curou ninguém, ou se ninguém ressurgiu da morte no momento exato em que Ele ordenou, isto é, era epilepsia, isto não é o foco. O foco está no sentimento que havia NEle com relação ao outro, com relação ao inimigo, com relação a todos. Tinha Ele sentimentos de paternidade que excediam a qualquer medida humana. Um amor tão grande capaz de sacrificar a si mesmo para salvar a quem ama. Este é o verdadeiro foco. Se levarmos a discussão para provas materiais ignorará a riqueza e sabedoria que há não nos milagres, nem nas curas, etc., mas sim nas atitudes frente às dificuldades, na atração Universal que Ele exercia sobre qualquer um, inclusive aqueles que não o viram... Continua este foco existindo, continua Ele a atrair para si a muitos e olhe: - já se passaram vinte séculos que Ele esteve aqui. Se esta realidade é ignorada, então provem que o Santo Sudário é falso, pois nem isto Vossas Mercês não podem... E se essa atração a que me refiro é Universal, e se essa atração e este foco não são perdidos, não será isto um poder que excede o humano, que é exatamente o que quereis que este poder não seja, isto é, divino? Christo é que é este foco. Não podemos vê-lo materialmente, senão em representações escritas, faladas, filmadas etc., mídia em geral, mas se olhamos para a Bíblia com outros olhos vemos perfeitamente a "imagem" não física, mas psicológica de um ser Divino! Alguém que deseja para aqueles que o aceitam o bem mais precioso para cada um: uma vida sem fim...! Estas, para mim, são provas sim, tão materiais como qualquer outra. O resto da discussão é que é perda de foco. Porque nós sabemos que o imaterial, ou seja, todo o conjunto de atitudes e sentimentos de Christo em relação a estes marginalizados da sociedade daquela época constitui algo "material", palpável, para muito além de qualquer prova material e física. De resto, amigo velho, falta-lhe a experiência própria no que eu já sou versado de há muito tempo, ou seja, na experiência de amor incondicional, amar a alguém mesmo que ele me odeie. Somos todos fracos, somos todos pecadores, ninguém é nada senão dependente de outro alguém. E se aqueles e aquelas de quem dependemos não estão dispostos a algum sacrifício para nos empurrar para cima, ou erguer-nos quando caímos, então: que esperança temos? Esperança no capitalismo? No comunismo? Esperança em governos humanos? Ninguém que não fosse sobre-humano poderia ter feito o que Ele fez, ninguém que não fosse divino poderia ter-nos dado exemplos tão fiéis, ter sido tão lúcido, inteligente ou verdadeiro. Ninguém é capaz disso. E Ele não existe. Não nessa matéria de que somos feitos. Existe sim em dimensões que não conhecemos senão por sentirmo-las, percebermo-las... É uma questão de percepção, psicológica, gestalt, insigth...
  109. Está certo.
  110. Um pouco, penso eu, um pouco desta discussão de se Christo é ou não é Deus, se o Santo Sudário é ou não verdadeiro etc. e todas as discussões em torno da compatibilidade entre ciência e religião são fruto na verdade não da fé, ou confiança neste poder que não tem limites no tempo físico, é sim fruto do quê? Do medo humano. Medo de ser enganado, ou simplesmente não querer emendar-se diante de uma ética e uma moral que exigem mudanças de comportamento, ou seja, uma cômoda situação de indiferença. Indiferença para consigo próprio, se se está em ótima situação social, ou mesmo, numa situação em que o prazer mórbido na prática de relações interpessoais torna as pessoas indiferentes a tudo. Ao sofrimento alheio, em primeiro plano, indiferença em relação aos outros, em geral, estejam em que condições estiverem, indiferença que gera padrões sociais que perpetuam a injustiça, as diferenças gritantes e desumanas em cada sociedade, ou em muitas, que perpetuam os roubos e furtos, as ciladas, as quadrilhas etc. Não julgo os Romanos. Deus é quem fez já isso a muitíssimo tempo.
  111. Está bem. Vossa Mercê venceu, no que diz respeito a mim mesmo. Não respondo por outras pessoas, mas por mim pessoalmente. Convenceu-me.
  112. Irmão, convido-o a passar um final de semana em nossa comunidade cristã da vila tal e tal, assim etc., para comermos ou compartilharmos em comunhão o pão e o vinho oferecidos por Christo a todos nós que cremos NEle. Faço isto com a amizade que sempre lhe devotei, sentimentos palpáveis e "materiais" que tanta falta fazem em nossos dias a muitíssimas gentes...
  113. Aceito. E futuramente convidá-lo-ei para almoçar e comungar conosco, em nossa casa.
  114. Fim do diálogo!
  115. Adeusinho!
  116. Até logo!

Passam-se meses e os amigos encontram-se novamente...

  1. Olá! Como vai irmão?
  2. Vou bem, mas desta vez quem está com dor nos joelhos sou eu...
  3. Infelizmente não posso ajudá-lo, pois médico não sou.
  4. Icht! Já tomei vários medicamentos nos últimos tempos, mas nada melhora. Estou com meus tecidos conjuntivos gastos e os ossos dos joelhos rangem entre si...
  5. Para isto não há remédio, meu caro... O mais que podemos fazer é ficar em repouso. Eu tenho repousado muito para evitar as dores...
  6. Como vão seus filhos, esposa, queridos e queridas?
  7. Todos bem. E os seus?
  8. Ah! A juventude! Ah, quem me dera eu fosse jovem hoje com a mente de minha idade! Tudo seria diferente...
  9. Tens razão.
  10. Ficaste completamente mudado depois que conversamos da última vez. Vejo-o muito pouco, mas soube que se integrou em uma comunidade evangélica! Que bom, fico feliz...
  11. Sim, mas tem sido uma dificuldade para mim cientista, pois eles são muito radicais, não aceitam certas coisas que nós que temos uma visão mais ampla da realidade podemos inferir dela e certas afirmações "científicas" não são aceitas por meus irmãos religiosos!
  12. É, eu como médico comungo em parte de Vossa preocupação! Este radicalismo é uma coisa natural do homem... É uma dificuldade que surge e para a qual não há remédio, como para as dores nos joelhos... Mas cite-me um exemplo de suas preocupações com este problema e eu como médico o ajudarei a resolver isto.
  13. Ora, você como médico não tem como me ajudar, meus joelhos doem por que estão "gastos"...
  14. Não me refiro aos joelhos...
  15. Ah! Sim!
  16. Então?
  17. Sinto que os religiosos não aceitam a ciência por puro preconceito.
  18. Será puro preconceito apenas?
  19. Sim, não é puro preconceito apenas. É algo inconsciente.
  20. Tens razão. Já compreendi o mote.
  21. Este inconsciente é que condena nossa ciência como se fosse uma feitiçaria, como se ela, a sabedoria que vem da ciência comum, da ciência em seu mais alto grau de conhecimento, fosse obra de um espírito mau.
  22. Bom, isto é culpa de uma ética científica que pretende ser neutra, ou amoral, sem moral, ou aética, sem ética. Para que os cientistas obtivessem o apoio dos religiosos seria necessária a admissão de alguma ética científica!...
  23. Não são todos e apenas cientistas quem se julga, ou quem age sem ética!... Não podemos generalizar.
  24. Pense então na bomba A!
  25. Sim, eu concordo. Porém, se não houver algum progresso na ciência as sociedades evoluiriam para melhor?
  26. Nós, ambos sabemos que o que o homem inconsciente quer é o poder!
  27. Sim, e a bomba A deu poder a alguém? Respondo: deu!
  28. Então, uma ética teria impedido que a tal bomba viesse a ser construída.
  29. Mas que vantagem teríamos obtido se ela não tivesse sido construída? Se era necessária ou não, se ela era dispensável ou não, não importa tanto. O que importa é que a ciência não teria então provado o seu próprio poder.
  30. Então a ciência é um meio de obter poder apenas? E já imaginou se este poder cai em más mãos?
  31. É óbvio!
  32. Então, nós religiosos temos a razão, ela não deveria ter sido construída jamais.
  33. E a ciência seria ignorada completamente hoje em dia!
  34. Digo-lhe, esta ciência é perigosa.
  35. Não tanto.
  36. Como assim?
  37. Sim, afirmo-lhe, os cientistas são na maioria amorais, sem ética, buscam o poder pelo poder, o prazer em se sentirem importantes para a tal ciência ou para a comunidade científica de que fazem parte. As honras humanas ali colocadas à disposição dos descobridores são muitas e esta ambição é que os move, é a ambição, não apenas econômica ou financeira, mas a honra e a Glória disponíveis para eles mesmos...
  38. Então?
  39. Porém, há os cientistas que trabalham em outro sentido...
  40. Como assim?
  41. Há cientistas inteligentíssimos que trabalham não apenas por esta Glória passageira, como passageira é a vida.
  42. Será?
  43. Sim. Há um certo amor pela sabedoria que vem da ciência e estes são os mais aptos, quiçá, a se tornarem cristãos...
  44. Por quê?
  45. Por que vejo neles esta humildade que havia em o próprio Christo!
  46. Amor pela sabedoria? Então não é amor por Deus!
  47. Preste atenção! Se a Bíblia afirma que quem Criou tudo foi Deus, e que com Ele estava a sabedoria desde o princípio, se a Bíblia afirma que tudo o que existe é obra de um ser inteligentíssimo, sábio e poderoso, então o que tem a ciência humana a ver com isso?
  48. A ciência a meu ver é um modo humano de conseguir poder!
  49. Porém, eu lhe pergunto então, de onde provém este poder?
  50. Ora do Criador! Ele criou tudo!
  51. Bom, se o Criador deixou-nos este poder à disposição de qualquer um que seja inteligente, então porque não podemos dispor dele para nós mesmos?
  52. Afirmo-lhe duas coisas: o poder está sim disponível e isto estava nos planos de Nosso Senhor! Tanto que se afirma no Genesis que o homem deveria dominar tudo à sua volta!...
  53. E que outra conclusão?
  54. A segunda coisa que afirmo é que este poder depende de quem o adquire! Se for alguém com consciência, não alguém inconsciente, então as coisas vão bem! Tanto no sentido Freudiano, como no sentido Paulino. Ego e Superego juntos num mesmo dirigir a este alguém...
  55. Concordo! Porém, mesmo os inconscientes são capazes, já sabemos disso, de serem abençoados com descobertas fabulosas. E eles nascem então, em nações diversas, professam diversas religiões e eu então me pergunto, por que o Senhor Deus abençoaria a eles sabendo do perigo que isto significa?
  56. Penso que Deus, nos céus, abençoa a todos. Não quer Ele que ninguém seja fraco, especialmente se coloca ao lado dos mais fracos. Quer ele que a ciência e a sabedoria humanas atinjam em benefícios, e não em guerras, a todos os homens e mulheres da terra.
  57. Sim. Concordo. Porém há algo que não me respondeste ou que não lhe perguntei.
  58. O quê?
  59. Por que esta rejeição da ciência por parte dos religiosos?
  60. Ora já fiz a afirmação correta. É que são aéticos!
  61. Não generalize novamente. Não somos aéticos. Pelo menos não todos nós.
  62. Então porque os instrumentos de guerra vêm em primeiro plano? Por que não tornar a ciência uma ferramenta que transforme nosso mundo, isto é, que seja usada para o bem, isto é, para a produção de bens e alimentos, por exemplo, em um mundo tão cheio de desigualdades, tão cheio de fome e tão cheio de ódios mortais?
  63. Acontece que mesmo os que detêm o poder não admitem os métodos científicos. Assim como os religiosos, as pessoas comuns que nada entendem de ciência não aceitam este poder que vem da ciência, e não aceitam os métodos científicos, a não ser que sejam diretamente por eles beneficiadas...
  64. Como assim?
  65. Se o poder fosse dos cientistas o que ocorreria no mundo?
  66. Não sei.
  67. As soluções políticas não seriam mais adotadas. Refiro-me àquelas em que o convencimento e a persuasão políticas seriam abandonadas. O que quero dizer é que o que os políticos fazem é agradar ao povo. Mesmo sabendo que isto levará nações inteiras ao descalabro, ao atraso, a guerras, a decisões erradas, por mais baratas que sejam!...
  68. Eu Vos pergunto: a política não é uma ciência? De certa maneira é!
  69. Sim, é a ciência de como convencer, ou persuadir os outros a que se faça a vontade do político em questão! Não o contrário, ou seja, o que deveria ser feito, o necessário, o que representa a maior necessidade da nação ou povo em questão!
  70. E o que os cientistas teriam a oferecer neste sentido?
  71. Façamos a suposição de que em primeiro lugar a ciência começasse a ser aceita ou que as verdades por ela descobertas fossem aceitas como parte da Vontade de Nosso Senhor para o conhecimento do próprio homem (aqui me refiro ao homem como espécie...).
  72. Sim.
  73. Então, se os religiosos aceitassem a ciência como algo que não só é verdadeiro e que é parte do "presente" da Vida para o homem, para a humanidade, que este poder gera não só armas, mas também benefícios a todos, então as coisas começariam a mudar. Principalmente se parte da educação religiosa, de meninos e meninas, levasse em consideração a ciência como parte da religião, parte necessária, que demonstre como o Senhor previu tudo, que tudo o que existe em termos de ciência é necessário para suas vidas, é como se fosse um presente divino para todos nós.
  74. Eu concordo plenamente! Porém a ciência deveria ter também uma recíproca: - que os conhecimentos científicos levassem em consideração a nossa religião como parte da ciência, parte necessária, especialmente no que diz respeito à ética que é proposta por Jesus Christo e também aos sentimentos e valorização do outro, do semelhante que nossa religião prega!
  75. Concordo!
  76. Estou convencido! Vossa Excelência sabe que sou médico e que minha visão abrange não só a Religião Cristã, mas também a Medicina, a Psicologia, a Psiquiatria etc. Neste sentido não sou resistente à ciência. Pelo contrário, sou favorável a ela. O próprio Jesus era Médico por excelência! E curava. E abençoava! Sentimentos que levavam as pessoas ao seu redor a mudarem de comportamento, em atitudes menos hostis para com seus semelhantes!
  77. Concordo!
  78. Vamos almoçar?
  79. Sim, aceito, mas em minha casa! Minha esposa está a fazer um bom arroz de forno à portuguesa e espero que Vossa Excelência aprecie!
  80. Está bem.

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