sábado, 22 de maio de 2010

Tio Mirico

A Eira de Feijão


 

Depois que foi colhido o feijão, meu avô, João Castilhos da Fontoura, homem muito severo, como o eram os homens daquele tempo, lá pelos meados do século XX, 1930 e poucos, mandou meu pai (José) e meu tio Almerico trilharem-no na eira. A eira era um piso bem lisinho, redondo, onde se colocava o feijão com palha e tudo, em cima da qual, montados em cavalos os guris, bem na hora do sol quente, davam voltas para um lado e depois para o outro, até que baixasse e ficasse separado o feijão da palha. Os grãos por baixo e a palha por cima. Meu tio e meu pai foram fazer o serviço e meu avô ficou ali observando tudo, para ver se se comportavam, pois já conhecia as artes, que não havia outra diversão disponível para dois guris passarem o tempo. Ficou ali por algum tempo, e como estivessem comportados saiu...

Cada vez que os animais estercavam ambos tinham que parar, para retirar com as mãos mesmo, e com um pouco de palha, o esterco, a fim de não se misturar com o feijão. Não durou muito e o cavalo de meu tio (Mirico) estercou, e ele mandou meu pai que, estava na frente, parar. Jogou quase toda a bosta fora da eira e ficou com um bolota escondida. Quando meu pai se distraiu ele jogou a bolota e acertou bem na sua orelha direita. Enquanto meu pai gritava e chorava (pois tinha só seis anos), que não ia mais fazer o serviço, ele ria desatado!

E foi para já que o meu pai foi reclamar para o meu avô. – Olha o Mirico jogou a bosta do cavalo na minha orelha.

Meu avô pegou o manguá e lept, lept, surrou o menino (tio Mirico tinha 6 ou 7 anos mais que meu pai). E lá ficou o tio Mirico a tarde toda a trilhar feijão no sol quente!

Um comentário:

  1. Essas historias sao òtimas...

    to tb colocando o link do teu blog no meu, beleza tio?

    abç

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